Por Juliana Gobbe
Socorro
Lira é uma artista de muitos instrumentos. Além de cantora é poeta. Extremamente
preocupada com os rumos da vida social brasileira, a artista tem uma ativa
participação nas redes sociais e fora delas.
Em
2012 foi agraciada com o mais importante prêmio da música na23ª edição do
Prêmio de Música Brasileira.
Recentemente
lançou o EP: Os Sertões do Mundo e o livro de poesias : A Pena Secreta Da
Asa.
A sessão de autógrafos do livro com recital de
poesias acontece hoje na Casa das Rosas em São Paulo às 19horas.
Sua voz dispensa
comentários, pois trata-se de um canto bem elaborado e rico de uma
sensibilidade genuinamente brasileira. O blogue Tecendo em Reverso conversou
com a artista sobre sua carreira.
Confiram:
Tecendo
em Reverso - De que maneira o aboio (canto dos vaqueiros) influenciou a menina Socorro Lira no
interior da Paraíba?
SOCORRO LIRA –
Minha mãe decorava o canto dos vaqueiros (não me lembro de ter vaqueiras) e
cantava em casa. Ela gosta muito. E eu ouvia isto de minha mãe ou vindo da mata
branca (caatinga). Morávamos na roça. Era um som que vinha de longe em todos os
sentidos. Mágico.
Foto: Arquivo pessoal da artista.
Tecendo
em Reverso - Como nasceu a poeta Socorro Lira? Conte-nos um pouco
sobre seu mais recente trabalho: A Pena Secreta Da Asa.
SOCORRO LIRA –
Nasceu ouvindo poesia cantada, poesia dita, brincando de fazer rima, as
brincadeiras de criança tinham poesia, como esta: “lua, luinha / me dê pão com
farinha / pra eu dar à minha gatinha / que tá presa na cozinha (Que maldade
“prender” a gatinha, mas era só no verso... risos).
Este
livro nasceu de uma necessidade minha de organizar meus poemas e lhes dar atenção.
É importante organizar e dispor para quem quiser ler (poesia) e ouvir (canção).
Aí, a Uka Editorial publicou. Isso foi muito bom, permitiu uma edição bacana.
Foto: Arquivo pessoal da artista.
Tecendo
em Reverso - O documentário Aqui tem coco – Um dia em Caiana dos
Crioulos insere-se no projeto Memória Musical da Paraíba. Quais
outras atividades estão ligadas a este projeto?
SOCORRO LIRA –
Além desse documentário, produzimos 2 CDs com o cancioneiro tradicional de
Caiana; o CD Pedra de Amolar, homenagem ao compositor Zé Marcolino e com
participação de Sivuca, Marinês, Dominguinhos, Vital Farias e mais um time de
artistas; e o álbum Lua Bonita onde interpreto a obra de outro paraibano, outro
Zé, Zé do Norte. Ganhei o Prêmio da Música Brasileira com este, em 2012. Tenho
bastante coisa registrada que poderá ser publicada ainda. Falta perna.
Tecendo
em Reverso - Em que medida a premiação como melhor cantora regional na 23ª
edição do Prêmio de Música Brasileira trouxe ao público um contato mais intenso
com o que se produz hoje no nordeste?
SOCORRO LIRA –
Creio que seja, esta, a mais importante premiação da música brasileira. Sou
grata, ajudou bastante. Trata-se de um reconhecimento importante que nos motiva
a continuar. Um prêmio serve para animar, tornar publica e afirmar uma
trajetória ou uma obra, dentro de um determinado alcance. No mais, a vida segue
normalmente.
Tecendo
em Reverso - Quais foram as motivações que a levaram a oferecer ao seu público Os
Sertões do Mundo em formato EP?
SOCORRO LIRA –
Uma gravação de Dominguinhos na música Fino Poema, que entraria num CD
anterior, mas não foi possível. Guardei-a e dela me veio o nome Os
Sertões do Mundo. Pensei que esta canção que fiz para ele, Dominguinhos, e que
tem sua sanfona, merecia um lugar especial. Lamento não ter pedido para ele
cantar também. Infelizmente.
Depois, um tempo que passei na África, em 2011, trouxe-me o desejo de traçar um
paralelo, através da canção, entre o sertão nordestino e o da África do Sul,
por exemplo. Como se não houvesse um oceano entre nós. E o fato de sermos uma
única espécie que habita esse planeta é um bom motivo. Nunca é demais
lembrar-nos disto. Meu encontro com Mia Couto, em Maputo, e ele me dando um
livro e falando de parceria também me animou a buscar mais a poesia africana,
que é linda. Poema Didáctico é nossa primeira parceria.
Foto: Arquivo pessoal da artista.
Tecendo
em Reverso - Percebe-se nos seus perfis nas redes sociais, uma grande
preocupação com os rumos da política no Brasil.Qual é a importância dos
artistas nessa espécie de engajamento com as questões que envolvem a sociedade
como um todo?
SOCORRO LIRA –
Antes de ser artista, sou cidadã. E gostaria que o mundo fosse digno para todo
mundo, em toda parte. Quando comecei a compor e cantar eu já era engajada nos
movimentos sociais, na Paraíba. Participei de política estudantil na escola e
na universidade. A arte é só um jeito de eu dizer o que penso e sinto do mundo,
da vida. O resto é a própria vida.
Muito boa a entrevista, muito interessante a entrevistada. Escolha bastante útil em apresentar alguém fora dos circuitos mais badalados. Fiquei com vontade de conhecer os trabalhos dela.
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