segunda-feira, 17 de março de 2014
Os 50 anos do golpe.
Foto: Companhia de teatro Kiwi
No ano em que o Brasil lamenta os 50 anos do golpe civil militar, o blog Tecendo em Reverso trará ao público ao longo do ano uma série de entrevistas com militantes que viveram à época e lutam até os dias atuais por uma sociedade sem repressão.
A dica de hoje aos amigos professores é a reestreia da peça Morro por um país dirigida por Fernando Kinas. O projeto contou com uma extensa pesquisa que incluiu temas como: "estado de exceção", ditadura e a violação aos direitos humanos.
A peça ficará em cartaz no Cit Ecum em São Paulo entre 26 de março e 17 de abril. Confiram maiores informações no site da Companhia de teatro Kiwi:
http://www.kiwiciadeteatro.com.br/Members/fernando/morro-como-um-pais-cenas-sobre-a-violencia-de-estado
Abraços,
Juliana Gobbe
terça-feira, 11 de março de 2014
Romeu Adriano da Silva
O pesquisador Romeu Adriano da Silva é doutor em
Educação, na área de Filosofia e História da Educação pela Unicamp –
Universidade Estadual de Campinas. Atualmente é professor da Universidade Federal
de Alfenas com atuação nas respectivas áreas: Teoria e Filosofia da História,
História da Educação e Marxismo e Educação.
Sua tese de doutorado, defendida em 2013 teve como
orientador o Prof. Dr. José Claudinei Lombardi e abordou o seguinte tema: “A
obra de Marx e Engels e as tendências do Marxismo nas pesquisas educacionais
brasileiras”.
Em entrevista concedida ao Tecendo em Reverso o pesquisador discorreu um pouco sobre este
trabalho.
Ao final da entrevista, o leitor terá acesso ao link da
tese para a leitura na íntegra.
O blog Tecendo em Reverso parabeniza o pesquisador
Romeu Adriano da Silva por esta relevante contribuição para a Educação
brasileira.
Arquivo pessoal do pesquisador.
Tecendo em Reverso -Como
ocorreu a percepção da necessidade de pesquisar: “A obra de Marx e Engels e as
tendências do Marxismo: crítica das perspectivas essencialistas nas pesquisas educacionais
brasileiras”?
ROMEU ADRIANO DA SILVA - Foi
um processo um tanto lento, mas que obrigou-me a tratar de forma mais cautelosa
uma questão que penso ser crucial: a relação entre uma concepção da Ciência da
História, sua capacidade de explicação do real, e a articulação deste
conhecimento com as possibilidades de interferência na realidade vivida, tendo
a prática social como o critério de verdade científica. Na tese, não tentei
“depurar” o marxismo, mas sim retomar a obra de Marx e Engels como um ponto
central de sustentação de uma leitura materialista e dialética do real, talvez mais
necessária do que nunca, para uma profunda análise do capitalismo contemporâneo
e de suas contradições. Como as contribuições no próprio seio do marxismo são
muitas e diversas, procurei atentar-me para determinados encaminhamentos que,
apesar de sua manifesta filiação ao marxismo, ainda permitem leituras
essencialistas da realidade, aí incluídas as práticas e concepções educativas.
A isso chamei de tendências do marxismo, e, neste caso, em especial, procuro
dialogar com uma tendência com forte penetração nas pesquisas e debates
educacionais no Brasil, que é a da “ontologia do ser social”, procurando
demonstrar tensões internas existentes no interior desta tendência.
Tecendo em Reverso - Na sua
tese lemos... “uma leitura dialética do real não permite operar por exclusão e
nem raciocinar de forma mecânica...” Qual a crítica que se faz hoje em relação
ao ensino de História nas escolas brasileiras, visto que muitas vezes
concepções notadamente idealistas refutam a realidade histórica?
ROMEU ADRIANO DA SILVA - Como
a tese não trata da questão do ensino de História e sim dos pressupostos da
Ciência da História, essa resposta é difícil de dar, pois já existe um
crescimento fértil de pesquisas sobre o ensino de História que tratam com muita
propriedade a questão. De qualquer forma, entendo ser importante indicar que as
concepções idealistas se fazem presentes na educação básica não somente em
relação ao ensino de História, mas na própria forma como se concebe o mundo, o
real, as relações sociais, a existência individual... Assim, as concepções
idealistas não refutam apenas a realidade histórica, mas a própria
materialidade do real, o que limita as possiblidades de conhecimento objetivo
da realidade. Agora, entendo que a constatação é importante, mas alavancar as
possibilidades de uma educação escolar que vá para além dessa necessária
constatação, rumo a uma educação que seja capaz de articular-se com as ações
efetivas de revolucionamento da vida social, é primordial.
Tecendo em Reverso - De que
maneira as tendências do marxismo apontadas no capítulo dois da sua tese podem
corroborar para uma interpretação equivocada e até mesmo desqualificadora da
obra do revolucionário alemão Friedrich Engels?
ROMEU ADRIANO DA SILVA - Essa
questão que você coloca é fundamental. Arrisco respondê-la de modo conciso,
procurando não empobrecer o debate: no meu entendimento, o ponto central deste
problema é a quebra da perspectiva de totalidade na explicação do real e o
risco de, evidentemente que sem a intenção de fazê-lo, assumir “um compromisso
contra o materialismo” - na feliz expressão do professor Caio Navarro de Toledo.
Tecendo em Reverso - Você aponta
na sua tese o fato de que nos últimos anos têm surgido na academia muitas
pesquisas em torno do trabalho e educação no capitalismo. Como pesquisas como a
sua podem fomentar o debate educacional no Brasil numa perspectiva crítica e
emancipadora de consciências?
ROMEU ADRIANO DA SILVA - Entendo
ser importante mantermos nossa atenção às determinações objetivas da nossa
existência. O trabalho é uma dessas determinações fundamentais. O que procurei
fazer foi articular essa categoria com a categoria modo de produção, de modo a evitar
tratar do trabalho de uma forma geral e abstrata. Assim, penso que a educação
também não pode ser tratada de forma geral e abstrata, e sim como instância
determinada e simultaneamente determinante da vida social, articulada a uma
totalidade de relações historicamente determinadas e que, neste terreno, também
se expressam os embates entre as classes. Não se trata de tomar a escola como a
promotora da igualdade social ou a educação como o remédio para a solução dos
problemas sociais, como o faz a perspectiva liberal, nem tampouco de dar
tratamento autônomo ao fenômeno educativo, como o fazem os idealistas. Mas a
questão é a da educação como um momento da práxis, com tudo o que isso implica,
inclusive o fato de não nos prendermos a uma postura imobilista em relação à
educação, o que me parece ser o caso da tendência a que se refere a tese.
Espaço do pesquisador:
Aqui quero registrar meu
agradecimento pela entrevista e parabenizar a equipe do “Tecendo em Reverso”
pelo relevante e precioso trabalho de dar publicidade aos trabalhos e abrir
espaço para que os pesquisadores possam falar um pouco sobre o que fundamenta e
norteia seu pensamento e sua ação.
Abraços,
Juliana Gobbe
segunda-feira, 3 de março de 2014
Pedagogia Histórico - Crítica
A revista Germinal: Marxismo e Educação em debate dedica seu 5º volume à Pedogogia Histórico-Crítica:
http://www.portalseer.ufba.br/index.php/revistagerminal/index
Abraços,
Juliana Gobbe
Assinar:
Postagens (Atom)