terça-feira, 22 de dezembro de 2015

No limite dos nós não desfeitos.


 Foto: Tamyris Zago

O romance “Vidas Secas”, de Graciliano Ramos , foi publicado no Brasil em 1938. A narrativa centra-se em retirantes sertanejos do nordeste do país que perpetuam em sua trajetória um ciclo de miséria decorrente da seca.
O autor nesta obra, como em outras de sua autoria faz presente ao seu leitor o cuidado na escolha acertada de cada palavra, bem como, na dialética entre forma e conteúdo. Num percurso em que a violência subtraída da realidade faz de Vidas Secas um clássico, cuja atualidade, estimulou os descendentes (netos) de Graciliano a comparar o livro com a situação dos milhares de refugiados que perambulam hoje pelo  mundo. Razão lhes cabe.
A tragédia engendrada pelo escritor alagoano não acontece há pouco tempo. É fruto de séculos de opressão do capital e da propriedade privada nas mãos de poucos. A história se repete através dos tempos, mostrando-se bem parecida com essa pela qual passam os homens, mulheres e crianças da Jordânia, Líbano, Turquia e Síria que deixam esses lugares, não pela seca latifundiária, mas pelas guerras e opressões constantemente reafirmadas por parte dos truculentos governos invasores.
A mídia, muitas vezes não confiável, atesta que mais de 350.000 mil pessoas tenham deixado seus lares em 2015 em busca de uma vida menos atormentada. Muitas chegam ao Brasil com formação universitária, porém sem condições de arrumar em prego por conta da não fluência na língua local.
Coletivos são criados, como por exemplo, o Abraço Cultural ( homônimo do nosso coletivo criado em 2009) para dar conta deste déficit  e ensinar idiomas às pessoas oriundas de outras localidades.  Mas, as coisas seguem insuportáveis, visto que as instituições estatais trabalham ainda com o velho e garantido sistema de doses homeopáticas, no que diz respeito às medidas realmente eficazes relacionadas ao bem - estar dos refugiados.
É importante ressaltar aqui que a saída de forma abrupta de seus locais de origem fomenta questões nem sempre aventadas pelos Fabianos e Sinhás Vitórias, pois estes, muitas vezes desconhecem que por trás das guerras e secas encontra-se a atuação  do capitalismo, isto é,  um sistema econômico contemplador da riqueza para poucos com base na exploração de muitos e, que aos poucos vai destruindo não só o planeta, mas boa parte de seus moradores. A precarização do trabalho e a miséria estão presentes cada vez mais no modo de produção engolidor de gente.
Graciliano mostrou através de Vidas Secas o que existe para além do lenga-lenga açucarado dos romances alienantes. A pós-modernidade tem romanceado a realidade sobremaneira, trabalhando alegoricamente com o que realmente importa.
A imitação e a conformidade configuram-se como a arte destes tempos difíceis, pois o que se vê por aí ultimamente é a mais completa imbecilização dos seres humanos (das pessoas). Nunca houve tanto circo, no pior sentido que esta palavra possa adquirir.
Quem trabalha com a realidade leva logo a pecha de panfletário, pois o que sustenta a humanidade é a ilusão. Pena.
Dessa forma, apaga-se sutilmente qualquer horizonte de luta, pois no lugar deste nos é dada a fanfarrice e os momentos puramente dionisíacos que, se por um lado nos elevam por alguns instantes, por outro atrofiam nossa reflexão mais profunda acerca da vida.
Porém, nem tudo está perdido neste período de art pour l’art. Animei-me outro dia ao assistir uma adaptação para o teatro  de Vidas Secas feita pelos atores da Companhia Teatral: Caravan Maschera. Trata-se da italiana Giorgia Gold e do brasileiro Leonardo Garcia. Ambos, atores da Companhia.
Num espetáculo orientado somente por gestos e, obviamente, pela supressão das palavras, os atores conseguiram enredar o público num processo altamente criativo e crítico. Partindo-se de provocações necessárias, a não voz dos personagens incomodou a plateia o suficiente para a produção de questionamentos relevantes sobre a  própria existência.
Não posso deixar de mencionar um outro grande autor brasileiro: João Guimarães Rosa que em seu livro de contos Primeiras Estórias, escreve “A Terceira Margem do Rio”, narrativa que tece o abandono da casa por um pai que aparentemente fica “louco” e vai morar numa canoa naquilo que transformar-se-ia na terceira margem.
Há alguns anos, Caetano Veloso e Milton Nascimento compuseram uma música também chamada “A Terceira Margem do Rio”. Nela, temos: “Asa da palavra / Asa parada agora / Casa da palavra / Onde o silêncio mora / Brasa da palavra / A hora clara nosso pai”.
Transcrevo o trecho da letra, pois quando vi a encenação da obra de Graciliano, me lembrei da música de Caetano e Milton...pensei no silêncio e, também no “silenciamento” a qual é constantemente submetida a população marginalizada.
Em linhas gerais, o que escreveu o determinista Euclides da Cunha em “Os sertões”, continua válido: “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”.
Avante Caravan Maschera! Merda procês!

Juliana Gobbe


quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Antônio Carlos Maciel


O pesquisador Antônio Carlos Maciel é graduado em Filosofia pela Universidade do Amazonas (1983), tem também graduação em Pedagogia pela Fundação Universidade do Amazonas (1985) com especialização em Inovação Tecnológica pela ISAE/FGV (1995). Possui mestrado em Educação pela Universidade Federal do Amazonas (1992). Possui doutorado em Desenvolvimento Socioambiental pela Universidade Federal do Pará (2004). Atualmente é Pós-doutorando em Educação pela UFOPA /UNICAMP.

Confiram a entrevista com o pesquisador:


terça-feira, 1 de dezembro de 2015

Socorro Lira

Por Juliana Gobbe

Socorro Lira é uma artista de muitos instrumentos. Além de cantora é poeta. Extremamente preocupada com os rumos da vida social brasileira, a artista tem uma ativa participação nas redes sociais e fora delas.
Em 2012 foi agraciada com o mais importante prêmio da música na23ª edição do Prêmio de Música Brasileira.
Recentemente lançou o EP: Os Sertões do Mundo e o livro de poesias : A Pena Secreta Da Asa.
A sessão de autógrafos do livro com recital de poesias acontece hoje na Casa das Rosas em São Paulo às 19horas.
Sua voz dispensa comentários, pois trata-se de um canto bem elaborado e rico de uma sensibilidade genuinamente brasileira. O blogue Tecendo em Reverso conversou com a artista sobre sua carreira.

Confiram:


Tecendo em Reverso - De que maneira o aboio (canto dos vaqueiros) influenciou a menina Socorro Lira no interior da Paraíba?

SOCORRO LIRA – Minha mãe decorava o canto dos vaqueiros (não me lembro de ter vaqueiras) e cantava em casa. Ela gosta muito. E eu ouvia isto de minha mãe ou vindo da mata branca (caatinga). Morávamos na roça. Era um som que vinha de longe em todos os sentidos. Mágico.


                                                 Foto: Arquivo pessoal da artista.

Tecendo em Reverso - Como nasceu a poeta Socorro Lira? Conte-nos um pouco sobre seu mais recente trabalho: A Pena Secreta Da Asa.

SOCORRO LIRA – Nasceu ouvindo poesia cantada, poesia dita, brincando de fazer rima, as brincadeiras de criança tinham poesia, como esta: “lua, luinha / me dê pão com farinha / pra eu dar à minha gatinha / que tá presa na cozinha (Que maldade “prender” a gatinha, mas era só no verso... risos).
Este livro nasceu de uma necessidade minha de organizar meus poemas e lhes dar atenção. É importante organizar e dispor para quem quiser ler (poesia) e ouvir (canção). Aí, a Uka Editorial publicou. Isso foi muito bom, permitiu uma edição bacana.


                                                    Foto: Arquivo pessoal da artista.

Tecendo em Reverso - O documentário Aqui tem coco – Um dia em Caiana dos Crioulos insere-se no projeto Memória Musical da Paraíba. Quais outras atividades estão ligadas a este projeto?

SOCORRO LIRA – Além desse documentário, produzimos 2 CDs com o cancioneiro tradicional de Caiana; o CD Pedra de Amolar, homenagem ao compositor Zé Marcolino e com participação de Sivuca, Marinês, Dominguinhos, Vital Farias e mais um time de artistas; e o álbum Lua Bonita onde interpreto a obra de outro paraibano, outro Zé, Zé do Norte. Ganhei o Prêmio da Música Brasileira com este, em 2012. Tenho bastante coisa registrada que poderá ser publicada ainda. Falta perna.

Tecendo em Reverso - Em que medida a premiação como melhor cantora regional na 23ª edição do Prêmio de Música Brasileira trouxe ao público um contato mais intenso com o que se produz hoje no nordeste?

SOCORRO LIRA – Creio que seja, esta, a mais importante premiação da música brasileira. Sou grata, ajudou bastante. Trata-se de um reconhecimento importante que nos motiva a continuar. Um prêmio serve para animar, tornar publica e afirmar uma trajetória ou uma obra, dentro de um determinado alcance. No mais, a vida segue normalmente.

Tecendo em Reverso - Quais foram as motivações que a levaram a oferecer ao seu público  Os Sertões do Mundo em formato EP?


SOCORRO LIRA – Uma gravação de Dominguinhos na música Fino Poema, que entraria num CD anterior, mas não foi possível. Guardei-a e dela me veio o  nome Os Sertões do Mundo. Pensei que esta canção que fiz para ele, Dominguinhos, e que tem sua sanfona, merecia um lugar especial. Lamento não ter pedido para ele cantar também. Infelizmente.
Depois, um tempo que passei na África, em 2011, trouxe-me o desejo de traçar um paralelo, através da canção, entre o sertão nordestino e o da África do Sul, por exemplo. Como se não houvesse um oceano entre nós. E o fato de sermos uma única espécie que habita esse planeta é um bom motivo. Nunca é demais lembrar-nos disto. Meu encontro com Mia Couto, em Maputo, e ele me dando um livro e falando de parceria também me animou a buscar mais a poesia africana, que é linda. Poema Didáctico é nossa primeira parceria.


                                                     Foto: Arquivo pessoal da artista.


Tecendo em Reverso - Percebe-se nos seus perfis nas redes sociais, uma grande preocupação com os rumos da política no Brasil.Qual é a importância dos artistas nessa espécie de engajamento com as questões que envolvem a sociedade como um todo?

SOCORRO LIRA – Antes de ser artista, sou cidadã. E gostaria que o mundo fosse digno para todo mundo, em toda parte. Quando comecei a compor e cantar eu já era engajada nos movimentos sociais, na Paraíba. Participei de política estudantil na escola e na universidade. A arte é só um jeito de eu dizer o que penso e sinto do mundo, da vida. O resto é a própria vida.



terça-feira, 3 de novembro de 2015

Luiz Carlos Bahia

Por Juliana Gobbe



Luiz Carlos Gomes Borges, mais conhecido como Luiz Carlos Bahia nasceu em Salvador (BA). Com uma trajetória artística ampla e variada, passou por praticamente todas as grandes emissoras brasileiras. Atuou também no cinema. Trabalhou com Antônio Abujamra. Compôs músicas e, ultimamente tem se dedicado, além da TV à produção de curta-metragens. Em entrevista ao nosso blogue o artista fala um pouco mais sobre sua carreira.



Foto: Arquivo pessoal do artista.




Tecendo em Reverso – Morte e Vida Severina é o retrato fiel da situação precária na qual vive ainda hoje grande parte do povo nordestino. Como foi interpretar a obra de João Cabral de Melo Neto no teatro sob direção de Eduardo Curado?


LUIZ CARLOS BAHIA – Participar de “ MORTE E VIDA SEVERINA “  foi  muito importante para mim . O teatro estava em um momento muito bom, muitas produções com teor literário , brasileiro , fantástico. Ter contato direto com o poema de João Cabral de Melo Neto ,não foi bom  só para mim ,como para todo um elenco jovem que estava sedento de informações e conteúdos  literários.
Foi um grande momento para todos nós, atores principiantes em São Paulo na década de 1970.
O Eduardo Curado fez uma bela direção ,dando uma postura de teatro de arena , com direção musical maravilhosamente resolvida pelo maestro Carlos Castilho. Não tinha cenários e a luz conduzia  o espetáculo . Para mim, recém chegado em São Paulo, depois de ter feito “ LAMPIÃO NO INFERNO “ , espetáculo que me trouxe do Rio de Janeiro para São Paulo, um cordel de Jairo Lima, dirigido por Luiz Mendonça , foi muito importante, pois eu estava fazendo “ ARTECULTURA ”POPULAR BRASILEIRA E “ MORTE E VIDA SEVERINA “ era uma continuação neste seguimento da literatura de cordel muito importante para a nossa dramaturgia.



Foto: Arquivo pessoal do artista.


Tecendo em Reverso – De que maneira se deu a criação e direção de Cantarena?

LUIZ CARLOS BAHIA – Em relação ao projeto “ CANTARENA “  eu pensei exatamente na posição dos compositores de música popular brasileira. Não se falava dos autores das músicas nos veículos de comunicação : Rádios e TVs.  Aliás, ainda hoje é assim. Salvo alguns programas , como o Sr. Brasil e o Altas Horas que colocam os autores nos créditos.  Então , eu como compositor , percebendo isso, resolvi criar um projeto com este enfoque. O nome “ CANTARENA” surgiu  exatamente por ter sido no Teatro de Arena Eugênio Kusnet , na época  ocupado pelo Grupo do Gianfrancesco Guarnieri , meu amigo que, entendendo a importância do projeto, me deu o espaço para que eu pudesse desenvolver  esta programação. O Projeto teve a estreia com o Renato Teixeira que entendeu o brado do “ CANTARENA” “ um canto na arena” ) . Teatro histórico pelos movimentos de liberdade. Foram oito espetáculos e, após esta temporada , não tínhamos mais condições de continuar, pois faltava a tal da verba. A produção era minha e da Carla Masumoto , parceira nesta empreitada.  Três anos depois, com o convite do Denoy de Oliveira  para participar  com ele da criação do CPC da UMES , eu apresentei o Projeto “ CANTARENA “ . Com a junção do nome da entidade “UMES” (União Municipal dos Estudantes Secundaristas ) ficou : “ UMES CANTARENA “ . Um marco para a música popular brasileira ! Vários compositores , renomados e também desconhecidos , por ter um bom trabalho , tinha o seu espaço . Foi um grande sucesso , de 1994, exatamente no  dia 31 de outubro de 1994, com o Carlos Lyra , a grande estreia , até 2001  tendo registrado em cinco CDs ,  ao vivo, momentos maravilhosos que por lá passou !
Foi uma grande experiência, mais de 150 espetáculos, com artistas de todo o Brasil ! Um grande aprendizado.

Veja a relação dos artistas:
UMES-CANTARENA
Criado e dirigido pelo poeta, ator e compositor Luiz Carlos Bahia, o projeto musical, “UMES-Cantarena”, realizado entre os anos de 1994 e 2001, traçou um amplo painel da Música Popular Brasileira, apresentando em cada espetáculo um compositor interpretando sua própria obra.
O projeto deu origem a uma coleção de cinco CDs. Seu nome vem da época em que o Teatro Denoy de Oliveira chamava-se ainda Teatro da UMES e tinha a forma de arena. Por ele passaram mais de 150 compositores e 600 músicos acompanhantes.
Confira abaixo a relação completa dos artistas que se apresentaram no projeto:
1994 a 1998
Adauto Santos
Adler Maragnon
Alaíde Costa
Aldo Bueno
Alzira Espíndola
Ana de Hollanda
Anastácia
Antonio Carlos e Jocafi
Arlindo Cruz e Sombrinha
Badi Assad
Banda Moxotó
Bando Flor do Mato
Batatinha
Belchior
Caíto Marcondes
Capinam
Carlinho Lyra
Carmen Queiróz
Cátia de França
Celso Machado
Celso Viáfora
Chico César
Chico de Abreu
Claudio Nucci
Daniel Gonzaga
Dante Ledesma
Délcio Carvalho
Dércio Marques
Dinho Nascimento
Diniz Vitorino
Don Tronxo
Dona Ivone Lara
Duofel
Edil Pacheco
Ednardo
Eduardo Gudin
Edvaldo Santana
Elieser Teixeira
Elomar
Embaixadores da Lua
Eugênio Leandro
Fábio Paes
Fátima Guedes
Filó Machado
Fuba
Grupo Tarumã
Hélio Braz
Ibys Maceió
Ivone Portela
Irineu Marinho
Jair Rodrigues
Jarbas Mariz
Jards Macalé
Jean e Paulo Garfunkel
Jica e Turcão
João Bá
João Mattos
Jorge Mello
José Felice
Juca Novaes e Eduardo Santana
Julio Sanches
Juraildes da Luz
Lourinaldo Vitorino
Lourival Tavares
Lúcio Barbosa
Luiz Avelima
Luiz Carlos Bahia
Luiz Carlos Borges
Luiz Carlos da Vila
Luiz Perequê
Luiz Vieira
Luizinho SP
Luli e Lucina
Marcus Vinícius
Maria da Paz
Maria Marta
Mário Lago
Milton Edilberto
Mina das Minas
Moacyr Luz
Monarco
Nei Lopes
Nelson Sargento
Neto Fagundes
Ney Couteiro
Noca da Portela
Osvaldinho da Cuíca
Oswaldinho do Acordeon
Oswaldinho Viana
Paulinho Pedra Azul
Paulinho Tapajós
Paulo César Pinheiro
Paulo Padilha
Paulo Simões
Pedro Osmar
Pedro Sertanejo
Rafael Altério
Renato Teixeira
Reynaldo Bessa
Rhayfer
Roberto Lapiccirela
Roberto Menescal e Márcia Salomon
Rosa Passos
Sérgio Ricardo
Sérgio Santos
Sílvio Modesto
Sombra
Tarancón
Tato Fischer
Terramérica
Tetê Espíndola
Théo do Valle
Thetê da Bahia
Thobias da Vai-Vai
Tom Zé
Valdeck de Garanhuns
Vange Milliet
Vânia Carvalho
Vicente Barreto
Victor Hugo
Vidal França
Waldir da Fonseca
Walter Alfaiate
Walter Franco
Wilson Moreira
Xangai
Xangô da Mangueira
Zé Geraldo
Zé Ketty
Zeca Baleiro
Zédi
Zezé Freitas
1999 a 2001
Adylson Godoy
Anna Torres
Antonio Barros e Cecéu
Antúlio Madureira
Banda Mafuá
Banda de Pífanos de Caruaru
Bando de Macambira
Carlinhos do Cavaco
Celso Viáfora
Chico Souza
Cida Lobo
Chico Teixeira
Daniela Lasalvia
Dayse Cordeiro
Guinga
Jarbas Mariz
Kiko Perrone, Charles Negrita e Julio Sanches
Lupe Albano
Madan
Milton Dornellas
Moacyr Luz
Mochel
Paqüera
Paulo Diniz
Roberto Mendes
Roberto Simões
Rubinho do Vale
Téo Azevedo
Theo de Barros
Vinícius Brum
Wilson Aragão
Zé Geraldo e Nô Stopa


Foto: Arquivo pessoal do artista.




Tecendo em Reverso – O programa Bambalalão foi um marco na produção artística para o público infantil brasileiro. Qual é a avaliação que você faz do que se produz hoje para crianças?

LUIZ CARLOS BAHIA – O Programa   Infanto  Juvenil  “ BAMBALALÃO “ , foi um grande marco para as crianças da época : década de 80 e 90 .Era um programa ao vivo, com grande teor educacional ! Tudo devidamente pensado e pesquisado para oferecer o melhor para o público alvo : as crianças!
Uma bela postura da TV Cultura que tinha, em sua programação, também pérolas como : “ CURUMIM “ , “ CATA VENTO “ , depois veio o “ CASTELO RÁ -TIM -BUM “ , “ COCORICÓ “ , “ QUINTAL DA CULTURA “ ! Ah, antes teve o belo programa do Daniel Azulai .
 No Rio de Janeiro, na TVE  tinha a Bia Bedram  e o Alby Ramos , além do Daniel Azulai que já tinha partido para o Rio de Janeiro.
Hoje, tirando o teatro que produz grandes espetáculos culturais , houve um grande esvaziamento educacional nos programas infantis das TVs abertas , onde  o mais importante é vender produtos, propagandas infernais , para invadir e alienar as crianças.




Foto: Arquivo pessoal do artista.



Tecendo em Reverso – Em O palhaço e o operário você foi dirigido por Antônio Abujamra. Qual é a importância desse intelectual para o Brasil?

LUIZ CARLOS BAHIA – O Mestre Antônio Abujamra , antes de tudo, era um grande filósofo !
Trabalhar com o “ ABU” era assim chamado, carinhosamente pelos amigos  e , aí, eu me incluo , era como estar tendo uma aula ! Aula de criatividade e liberdade !
Com o “ABU” a responsabilidade do acerto e do erro tinha a mesma importância. Era um Gênio !
O “ ABU “ gostava de dizer : “ ESTE VAI SER O MEU MAIOR FRACASSO “  e era mesmo... rsrs.
O sucesso e o Fracasso vinham na mesma travessa , daí, a importância intelectual  do “ ANTÔNIO ABUJAMRA” .
Ele não se  preocupava com o “ TAL” mercado . Era um artista, acima de tudo !
O Programa “ PROVOCAÇÕES”, NA TV CULTURA , que tem a apresentação dele e a direção dele com o Gregório Bacic , para mim , é um dos melhores programas , se não o melhor . O melhor programa de entrevista e filosofia. Abujamra cita textos, tantos literários quanto filosóficos, com muita propriedade e sabedoria ( digo cita, por estar, ainda , no ar, reprisando ).
Antônio  Abujamra : “UM DOS HOMENS MAIS INTELIGENTES E CULTOS QUE EU CONHECI E TIVE O PRAZER DE TRABALHAR E CONVIVER”.
Grande mestre. Faz muita falta !



Foto: Arquivo pessoal do artista.



Tecendo em Reverso - Recentemente você atuou no premiado curta Reimundo. O argumento da proposta é seu. O que o levou ao desejo de filmar a história?

LUIZ CARLOS BAHIA – O que me levou a criar e realizar o curta metragem “ REIMUNDO” , acredito ter sido uma “ INQUIETAÇÃO” dentro de mim.  As frases , os poemas e as poesias , gritavam  e gritam , dentro de mim ! Então , eu senti a necessidade de colocar para fora,  mas eu não queria que fosse  de uma forma , digamos assim, acadêmica . Eu preferi o simples , o homem simples e então , eu percebi  os “ INVISÍVEIS “ , cheios de vidas , histórias , desacertos sociais e criei um “ POETA DE RUA “ , um andarilho , com muitas estórias populares , coisas que o povo vai contando e aumentando. O “REIMUNDO”, por ser um “ INVISÍVEL” tenta se fazer ouvir pela poesia.  Ele declama pelas ruas .  É a oralidade no cinema , que é a arte da fotografia  “ REIMUNDO” tem a palavra como o ponto chave. “REIMUNDO” mostra o homem ,  seu caminhar, sozinho e cheio de histórias e estórias. Ele deixa claro que é preciso o cuidado com a nossa casa, que é o nosso planeta.  Ele brada contra a violência,  ao mesmo tempo que externa uma grande pureza.
É um grito pela inclusão social do “ INVISÍVEL”,aí o “ REIMUNDO” tenta se fazer “ OUVÍVEL”.  .
Para o curta metragem “ REIMUNDO”, que por ter argumento, roteiro, músicas, em parceria com o maestro Dyonísio Moreno, e ainda a interpretação realizada por mim, eu convidei o Mário Vaz Filho para fazer a Direção e , assim eu poder desenvolver melhor o meu projeto, que tem no elenco : o veterano e grande cineasta “CLERY CUNHA” , o Homero Barreto, a Laila Borges, a Janaína Moreno e a participação especial e afetiva do meu querido amigo: CHICO CÉSAR .
“ REIMUNDO” ganhou recentemente em agosto, o prêmio de Melhor filme e de melhor ator para Luiz Carlos Bahia , no papel de “ REIMUNDO” , no primeiro festival de cinema curta metragem de Cajazeiras, Paraíba.







terça-feira, 13 de outubro de 2015

José Claudinei Lombardi



Por Juliana Gobbe


O autor Graciliano Ramos disse certa vez: Se a igualdade entre os homens que busco e desejo for o desrespeito ao ser humano, fugirei dela. É esta frase que usamos para introduzir ao leitor um pouco da carreira do nosso entrevistado que se destaca na educação, não simplesmente pelos títulos que acumulou durante a vida, mas pela humanidade traduzida em sua práticas na luta por outra sociedade.
José Claudinei Lombardi é graduado em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (1976); Mestrado em Agronomia, Área de Concentração: Sociologia Rural, pela Universidade de São Paulo (1985); Doutorado em Educação, Área de Concentração: Filosofia e História da Educação, pela Universidade Estadual de Campinas (1993); é Livre-docência em História da Educação na Faculdade de Educação da Unicamp. Foi Secretário de Educação de Limeira, SP, de janeiro de 2013 a janeiro de 2015. É professor livre-docente da Universidade Estadual de Campinas. É bolsista de Produtividade em Pesquisa - Nível 2 - do CNPq. Tem experiência na área de Educação, com ênfase em Marxismo e Educação; Pedagogia Histórico-Crítica; e História da Educação, atuando principalmente nos seguintes temas: pesquisa em educação; história da educação brasileira; história, trabalho e educação; e historiografia da educação. É autor e organizador de várias publicações no campo de pesquisa referida, como: História e História da Educação. O debate Teórico-Metodológico Atual; Globalização, pós-modernidade e educação: história, filosofia e temas transversais; Capitalismo, trabalho e educação; A Escola Pública no Brasil: história e historiografia; Ética e Educação - reflexões filosóficas e históricas; Marxismo e educação - debates contemporâneos; O Público e o Privado na história da educação brasileira; Educação e Ensino na obra de Marx e Engels; Embates Marxistas: apontamentos sobre a pós-modernidade e a crise terminal do capitalismo. É coordenador executivo do Grupo de Estudos e Pesquisas "História, Sociedade e Educação no Brasil" (HISTEDBR). 






O livro organizado por José Claudinei Lombardi, Carlos Lucena e Fabiane Santana Previtali pode ser acessado e lido gratuitamente através do seguinte link: 





quinta-feira, 16 de julho de 2015

Mara Regina Jacomeli

Por Juliana Gobbe


Mara Regina Jacomeli é pedagoga com mestrado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (1998) e doutorado em Educação pela Universidade Estadual de Campinas (2004). Nessa mesma Universidade é professora e atualmente  coordena o Programa de Pós-graduação em educação. É também coordenadora local do Grupo de Pesquisa do HISTEDBR (História, Sociedade e Educação no Brasil).
Em entrevista à RTV (Unicamp) a pesquisadora discorreu sobre as políticas educacionais brasileiras (1971-2000).





Arquivo pessoal da pesquisadora.




Confiram:





terça-feira, 23 de junho de 2015

Lidiane Soares Rodrigues


Por Juliana Gobbe


Lidiane Soares Rodrigues é doutora em História Social pela Universidade de São Paulo ( USP) e pós-doutora com estágio no Centro Europeu de Sociologia e Ciência Política da Sorbonne e da Escola de Ciência Sociais ( CESSP- EHESS- Paris). Atualmente é professora do Departamento de Ciências Sociais na UFSCar. Como pesquisadora atua na área de História das Ciências Sociais, História do Marxismo e Sociologia da Ciência.
Em 2011 defendeu sua tese na USP com o seguinte tema: 'A produção social do Marxismo Universitário em São Paulo: Mestres, Discípulos e "Um Seminário" ( 1958-1978).
Em entrevista ao nosso blogue a pesquisadora discorreu um pouco sobre este trabalho.



                                                                      Arquivo pessoal da pesquisadora.


Tecendo em Reverso – Como se deu a escolha do tema da sua tese?

LIDIANE RODRIGUES – Esse tema não existia quando comecei minha pesquisa. Aos poucos eu propus uma mudança nos termos. Não me interessava o estudo de “intelectuais de esquerda”, “intelectuais marxistas”, engajamento – termos recorrentes com os quais a discussão a respeito do marxismo é encaminhada. Pareceu-me, depois de ler muito, que era necessário definir melhor o que cada um desses termos quer dizer. Acabei reformulando o projeto e me propus a estudar o processo de importação da obra de Karl Marx, do campo político para o científico, no espaço universitário brasileiro. Como este escopo era irrealizável, redimensionei e me ocupei de São Paulo. Para este objetivo, o “Seminário Marx” revelou-se estratégico.  Sobretudo pois a bibliografia tinha hábito de tratar a obra dos membros desse seminário como se estas pessoas nunca tivessem se encontrado para ler juntas. Eu diagnosticava que era necessário, para dar inteligibilidade à produção desses seminaristas, figuras que constituíram algumas disciplinas acadêmicas, estudar também o seminário como grupo.



Tecendo em Reverso- De acordo com sua pesquisa qual foi a diretriz de leitura de Marx adotada pelos jovens intelectuais da USP de 1958?

LIDIANE RODRIGUES – Todos leram Karl Marx sob a diretriz de um filósofo, o prof. José Arthur Giannotti.  Um dos efeitos de sua posição de “capitão do time” é a presença de um Marx epistemólogo pontilhando os trabalhos dos seminaristas. Se o método de leitura e as discussões da Filosofia invadiram outras áreas (História, Sociologia, Crítica Literária), em contrapartida, também ela era impactada pela agenda de investigação dessas disciplinas. Nelas, a peculiaridade do desenvolvimento capitalista na periferia do sistema mundial, particularmente no Brasil, era o eixo temático em torno do qual todos orbitavam. É interessante notar que o filósofo se ocupou desse assunto e que os seus colegas elaboraram aprofundadas reflexões de ordem epistemológicas voltadas para suas áreas específicas.


Tecendo em Reverso-  Em que medida dá-se a atuação de Florestan Fernandes à época e quais são as  convergências e divergências entre os intelectuais?

LIDIANE RODRIGUES – Os seminaristas não foram os primeiros leitores universitários de Marx. Na verdade, Florestan Fernandes, entre outros, já o liam. No entanto, há duas diferenças nestas leituras. A primeira diferença é a seguinte. Os leitores anteriores buscavam  em Marx a contribuição deste autor para sua disciplina científica. No caso de Florestan, tratava-se de estabelecer a “sociologia” de Marx. Como disse na questão acima, o seminário trilhou outros caminhos. Nada mais distante do que o historiador ler o “Marx historiador” ou o crítico literário o “Marx literário” – esta segmentação faz parte da leitura dos seminaristas, mas não a define.  A segunda diferença – que penso ser fundamental – consiste em que os leitores anteriores liam Marx isoladamente e eles leram em grupo. Isso tem pelo menos duas conseqüências, uma para os membros do grupo e outra para os que não fizeram parte dele (fossem eles contemporâneos ou sucessores).  Por um lado, ler em um grupo composto por membros de diversas disciplinas, implica uma capacidade potencial de difusão da leitura, cada um importando para sua área um conjunto de textos, uma certa maneira de lê-los, etc. Ignorar isso implica estar fora de uma certa discussão que definiu durante muito tempo chaves de entrada na obra de Marx. Ler em grupo, por outro lado, de modo contínuo e sistemático, foi uma atividade que operou homogeneizando léxico, práticas, grade de valores e modalidades de excelência intelectual. Grosso modo, a atividade coletiva de leitura inculcou um espírito de corpo entre eles. Há mais a dizer a respeito de Florestan e este grupo, mas tornaria esta entrevista uma aula. O que foi dito é o bastante para assinalar a divisa de propósito na leitura de Marx, do grupo e do sociólogo.



Tecendo em Reverso - Na tese você utiliza os conceitos “Marxismo dominante” e “Marxismo dominado”. Fale-nos um pouco sobre eles.

LIDIANE RODRIGUES – Quando percebi que estava me deparando com a estruturação do espaço de leitores universitários de Marx ainda em vigência no Brasil, tentei classificar os tipos de marxismo praticado pelo grupo e nas disciplinas dos membros do grupo.  Essas duas categorias denominam dois tipos de “marxismo” encontrados ainda hoje entre sociólogos: o dominante, senão menos politizado, refratando a política pela fidelidade à teoria, e, por isso, valorizando enormemente a discussão de autores com legitimidade teórica no marxismo. Em geral, é praticado pelos agentes mais capitalizados culturalmente (o que se mensura por origem social dos alunos/leitores/marxistas, escolas que estudou, etc.). Já o “marxismo dominado”, refrata a política não na teoria, mas no tema, sendo, por isso, mais quente e politizado, inclinando-se às pesquisas empíricas. Em geral é praticado pelos agentes menos capitalizados culturalmente. Esses dois pólos concentram propriedades sociais simetricamente opostas ainda hoje. Na tese, tinham origem na trajetória social e no percurso intelectual de Fernando Henrique Cardoso e Octavio Ianni. Em tempo: afirmo que linhas estruturantes da experiência que estudei têm vigência atual, pois no momento estou trabalhando com uma população de 900 marxistas universitários e tenho constatado isso.



Tecendo em Reverso- Em 1958 o Brasil estava sob a égide do governo de Juscelino Kubitschek num franco processo de internacionalização da economia. Na cultura, cinema novo e bossa nova emergiam. Até que ponto este contexto fomentou os estudos de O Capital?


LIDIANE RODRIGUES – Decerto esse clima fomentou estudos de Marx. Mas não os estudos de Marx realizados pelo grupo que investiguei. Esses jovens acadêmicos em início de carreira empenhavam-se precisamente em se desvencilhar de leituras excessivamente panfletárias e políticas. Não podiam mesmo fazer outra coisa e qualquer suspeita de leitura fácil ou panfletária destruiria suas vidas profissionais. O “impacto” desse clima consistia em rebaixar os partes no Rio de Janeiro, na avaliação deles, submissos demais aos mandos e desmandos do Estado. Eles estavam antes interessados em estabelecer uma barreira com o campo político, tão mais forte e exigente por tratarem do autor que por excelência faz a mediação desses campos. Tentei, na pesquisa, colocar em dúvida esses nexos meio apressados das explicações ad hoc que ligam o “clima” (cujos critérios de elaboração jamais são explicitados) aos projetos científicos e culturais.  Tomando outro exemplo: repete-se ad nauseum que a crise das grandes narrativas e a atenção aos objetos da micro-história resultam do fim da URSS. Todos já ouviram explicações desse tipo. De tão repetidas, ninguém se dá conta do insólito! Só entendemos a multiplicação de temas legítimos da “micro-história” se fizermos uma boa história social das disciplinas, da luta dos pesquisadores por fazerem valer seus temas, das linhas de financiamento, etc.  No entanto, é claro, a explicação ad hoc pelo “clima”, “contexto macro político” é mais palatável. Embora mais popular, eu a considero mais  criativa do que séria: afinal inventa problemas curiosos – teria o marxismo chegado à presidência? Nada disso. Entender como alguns desses seminaristas se tornaram grandes políticos implicaria investigar os liames sociais e nada intelectuais entre os campos políticos e acadêmicos no Brasil, as veleidades políticas dos intelectuais quando a oportunidade de ir para a política os alcança, a reestruturação das elites políticas, etc.





quinta-feira, 7 de maio de 2015

Sobre os 90 anos da Biblioteca Mário de Andrade.

Por Juliana Gobbe


Em 1960 a então Biblioteca Municipal de São Paulo passa a se chamar Mário de Andrade em homenagem ao autor de Macunaíma. Nos últimos anos o espaço tem proporcionado aos paulistanos o acesso ao conhecimento através de um amplo acervo. O local conta também com iniciativas culturais, como saraus, teatro e shows.
Em 2015 a Biblioteca comemora 90 anos de intensa atividade intelectual. Em entrevista ao blogue sobre as atividades do espaço contamos com a Supervisora da Ação Cultural: Tarcila Lucena com participação de Joana de Andrade e Emanuel Guedes.




                                                                          Foto: Divulgação



Tecendo em Reverso – Em 2015 a Biblioteca Mário de Andrade completa 90 anos. Quais os projetos culturais que o público leitor poderá apreciar durante as comemorações?


TARCILA LUCENA- Além da programação regular e já bem consolidada da Biblioteca, que inclui teatro, música, seminários e exposição de arte, teremos programações comemorativas espalhadas durante o ano e um seminário internacional sobre Mário de Andrade de 12 a 14 de novembro.


Tecendo em Reverso – Qual é o perfil do leitor que passa pela Mário de Andrade?


TARCILA LUCENA – Diverso, temos universitários, pesquisadores, curiosos, aposentados, jovens de ensino médio e vestibulandos.




                                                                      Foto: Divulgação

Tecendo em Reverso - Sabe-se que a Mário de Andrade possui um especial acervo de obras raras. Como anda o processo de catalogação online e como os leitores podem acessar essas obras?


TARCILA LUCENA – As obras estão em processo de inventário, por isso os agendamentos para pesquisa estão suspensos. Para saber como fazer o agendamento quando este for possível, basta acessar nosso site: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/cultura/bma/


Tecendo em Reverso – Dentro da biblioteca há uma Mapoteca. Quais são os destaques deste espaço?


JOANA DARC MORENO DE ANDRADE (RESPONSÁVEL PELAS SEÇÕES DE OBRAS RARAS E ESPECIAIS E MAPOTECA) – A Biblioteca Mário de Andrade (BMA), criada em 1925, é uma das mais importantes bibliotecas do país. Dentre outras coleções, possui uma Mapoteca, criada em 1929 e formada por 6.500 mapas (políticos, físicos, geológicos, demográficos, topográficos, reproduções de mapas raros, tanto mundiais quanto locais), cartas marinhas, plantas urbanas, documentos cartográficos e outros. Desse acervo, destacam-se alguns exemplares de valor histórico, como o original de um mapa da Capital da Província de São Paulo, datado de 1877, além de plantas urbanas da Cidade de São Paulo desde 1810 e uma Coleção de Mapas do Brasil do século XVIII.
Exemplos de coleções existentes na Mapoteca:
Cartas e publicações da Marinha do Brasil;
Cartas topográficas do Estado de São Paulo, (Instituto Geographico e Geológico do Estado de São Paulo, na escala 1:100.000 e IBGE/IGG, na escala 1:50.000);
Cartas topográficas do Município de São Paulo (Coleção SARA Brasil, na escala 1:5.000, com maior detalhamento na área central do município, e Coleção VASP/Cruzeiro do Sul, na escala 1:2.000) e da Região Metropolitana de São Paulo (GEGRAN/EMPLASA, na escala 1:10.000);
Mapas de Ferrovias Paulistas e outras do Brasil;
Carta Internacional do mundo; ou, Carte internationale du monde; Quadro de União das folhas brasileiras; ou, Tableau d’assemblage dês feuilles brésiliennes (Clube de Engenharia do Rio de janeiro). 1922. 50 mapas;  col. esc. 1.1000.000.

                                                             Foto: Divulgação


Tecendo em Reverso- De que maneira dá-se o acesso aos periódicos da hemeroteca e como se constitui este acervo?


EMANUEL GUEDES (RESPONSÁVEL PELA HEMEROTECA) – O acervo da Hemeroteca da Mário de Andrade é composto por periódicos impressos e em microfilme publicados desde o séc. XIX, abrangendo alguns milhares de títulos nacionais e estrangeiros. É composto por publicações que vão desde pequenos títulos de grupos independentes a produções acadêmicas, institucionais e imprensa comercial, além de documentação de órgãos públicos e jornais de comunidades estrangeiras emigradas ao Brasil entre os séculos XIX e XX.
Em nosso acervo destacam-se entre os jornais os principais paulistas como Diário Popular, Diário de S. Paulo (Diários Associados), O Estado de S. Paulo, Folha da Manhã/Folha de S. Paulo, A Gazeta Esportiva e Correio Paulistano, e entre as revistas, coleções importantes como O Cruzeiro, Manchete, Realidade, Illustração Brasileira, Grande Hotel, Rio e Esfera em âmbito nacional e outras como Revue des Deux Mondes, La Revue de France, Mercure, The Sphere, The Graphic em âmbito internacional.
Estão disponíveis também jornais brasileiros de menor porte como O Pasquim, O Movimento, Opinião, Versus e Para Todos.
Para ter acesso ao acervo é necessário solicitar agendamento via email, telefone ou presencialmente, informando os títulos e datas desejados ou consultar nossa equipe para o caso de pesquisa temática, para o qual o pesquisador ainda não possui títulos específicos.
A Hemeroteca oferece também espaço de leitura às revistas e jornais diários sem agendamento  para publicações com até 3 meses.
Horário de funcionamento:
Área de leitura  de periódicos correntes: 08h30 as 20h30 (sem agendamento)
Atendimento por agendamento: 09h00 as 17h00 (prazo de até 05 dias úteis).
hemerotecabma@prefeitura.sp.gov.br
3775-1400

Endereço: Rua Dr. Bráulio Gomes, 125/139

                                                     Tarcila Lucena - Foto: Arquivo pessoal da supervisora